Será que existe uma bolha imobiliária em Portugal? E a existir, será que irá estourar em 2023? Estas são as perguntas a que iremos responder neste artigo, com base na opinião do consultor financeiro Filipe Garcia.
Será que existe uma bolha imobiliária em Portugal?
Algumas notícias da imprensa internacional falam de uma bolha imobiliária em Portugal e que a mesma será a primeira a estourar na Europa já no próximo ano (2023).
Contudo, o consultor financeiro Filipe Garcia não está tão certo que assim seja, uma vez que as caraterísticas do mercado imobiliário português a nível nacional são bastante diferentes daquilo que acontece nas grandes áreas urbanas, sobretudo em Lisboa.
Filipe Garcia lembra que para haver uma bolha imobiliária é preciso que a maioria das aquisições seja feita com recurso a crédito e com o objetivo de vender os imóveis no curto prazo, ou seja, comprar para depois vender rapidamente com algum lucro.
Os estudos indicam que cerca de metade das aquisições é feita recorrendo a capitais próprios e não a endividamento, o que significa que essas pessoas ou entidades não estão tão pressionadas a vender num contexto de subida das taxas de juro.
Além disso, há também uma procura grande para habitação porque tendo em conta o nível das rendas, compensa mais adquirir casa do que estar a pagar renda.
O consultor financeiro sublinha ainda que existe uma grande procura por parte de investidores estrangeiros que adquirem os imóveis com capital próprio, e que por isso também não estão pressionados a vender caso haja uma baixa de mercado ou subida das taxas de juro.
Apesar disso, Filipe Garcia afirma que os tempos que se avizinham não serão de forma alguma fáceis para o setor imobiliário porque com a subida das taxas de juro e o aumento da dificuldade em conseguir crédito, que provavelmente irá começar a notar-se em 2023, haverá uma pressão menor para que os preços do imobiliário subam. E, num cenário de inflação alta basta que os preços não subam para que em termos reais já haja uma correção.
Então é provável que a partir de agora o mercado imobiliário possa começar a arrefecer, mas ainda assim passando bem melhor que as famílias, isso porque mais de 93% das hipotecas em Portugal têm taxa variável – um valor muito superior à média europeia que é cerca de 15%.
Neste contexto, a subida das taxas de juro irá afetar 1,3 milhões de famílias em Portugal que têm crédito à habitação, e que terão a sua vida financeira dificultada nos próximos tempos.
Pelo lado positivo, Filipe Garcia lembra que a grande maioria desses créditos já têm bastantes anos, o que significa que o montante em dívida neste momento já é relativamente baixo.
Por outro lado, as famílias que contraíram crédito à habitação nos últimos cinco anos estão numa situação mais complicada porque o preço das casas já estava muito mais elevado, logo os montantes dos créditos também são mais altos, e em certos casos as pessoas endividaram-se se calhar mais do que aquilo que podiam e deviam, esticando a sua taxa de esforço ao máximo, o que poderá trazer dissabores nos próximos tempos caso as taxas de juro continuem a subir (o que é o cenário mais provável).
Apesar disso, o consultor acredita que o nº de casos que poderão entrar em incumprimento não será suficiente para abalar o mercado imobiliário como um todo.
Se 93% das familias em Portugal tem taxa fixa, e a media da europa tem 15%, entao
93% a dividir por 15% = 620%
ou seja as familias portuguesas sao mais afetadas que a media europeia em 620 %
ou seja mais oferta, preços baixam
Por outro lado Portugal é o pais da Europa com maior numero de casas nao habitadas ( mais de meio milhao). Estas casas vao tambem fazer pressao do lado da oferta, pois os propietarios vao igualmente ser afetados pela subida da Euribor
ou seja mais oferta, preços baixa
nao vejo como a procura de casas por estrangeiros pode anular a diminuiçao avassaladora do aumento da oferta